17.2.10

depois da crise

Islândia, um paraíso da liberdade de expressão? No Le Point.

13.2.10

a evolução na continuidade

Muda-se a fachada, continua-se com os modos de fazer. Então não queriam autorizar a CIA espreitar-nos as contas bancárias a seu bel-prazer?

La lutte anti-terroriste source de désaccord entre européens et américans, Le Monde

15.11.09

zoe

aserá que todos os gatos gostam de jazz?
a

6.11.09

um apelo

a
Apresento-vos a Cá:







A Cá é sobrinha da minha velha amiga Carmo. Tem quatro anos, foi-lhe detectada uma leucemia mieloblástica aguda e precisa de um transplante de medula.

Acontece que, entre os quase 14 milhões de dadores de medula óssea registados em todo o mundo, não se encontrou ninguém compatível.

A única hipótese da Cá é que se continue à procura. Que todos os dias, por toda a parte, haja gente disposta a dar uma pequena amostra de sangue. Que das análises a essas amostras, um dia, saia o resultado de que se precisa.

Aos que podem doar, essa amostra é, por ora, tudo o que se pede - a partir dela ficam inscritos numa base de dados mundial e serão chamados caso alguém precise. Aos que não podem, pede-se que percam 5 minutos e divulguem: a dádiva não dói, é preciosa, salva vidas.

A Cá é uma entre muitos. Podíamos ser nós, os nossos sobrinhos, os nossos filhos.




Condições para doar: ter entre 18 e 45 anos, mais de 50 kg e ser saudável.

Pontos de colheita e outras informações:

http://www.chnorte.min-saude.pt/ (zona norte);
http://www.histocentro.min-saude.pt/
(zona centro);
http://www.chsul.min-saude.pt/
(zona sul)

blog da Cá: Carmenzita


*acrescento, em 12.02.10:

A Carmen encontrou dador há alguns dias, nos EUA. Tem um longo caminho pela frente, mas esta era a condição para poder encetar a jornada.

As campanhas de angariação de voluntários organizadas em seu nome permitiram, entretanto, encontrar outras compatibilidades e outras vidas foram salvas.
a

7.10.09

aLouzim, Penafiel - Out.2009
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29.9.09

menção honrosa

a
Se eu tivesse pachorra, talvez criasse um prémio. Assim sendo, limito-me a registar umas preciosidades de vez em quando. A frase que se segue é mais um título da Imprensa diária 'de referência':

«Exposição inclusiva de características únicas revela mundo de indiferença aos olhos de quem não vê»
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20.9.09

à escuta

a
«Está tudo a arrancar os cabelos porque é um jornal a fazer a outro jornal aquilo que é prática da comunicação social fazer a outras entidades não jornalísticas: publicar e revelar documentos, mesmo que protegidos pelo segredo de justiça, em nome do interesse público. Esta dupla ética não é aceitável.»

José Miguel Júdice, em entrevista ao DN, põe o dedo na ferida.
a

16.9.09

uma questão estética

a



Não costumo comprar 'best-sellers', é raro corresponderem às expectativas. Mas quando, há alguns anos, me deparei com o romance de um norte-americano cuja acção se desenrola entre judeus secretos na Lisboa do início do século XVI, venceu a curiosidade. E ainda bem: «O Último Cabalista de Lisboa» é um belíssimo livro.

Fui seguindo a obra de Zimler desde então. Surpreende-me sempre pela profundidade das personagens e pela humanidade dos pontos de vista e, em alguns casos, pela mestria do jogo de escondidas em que nos enreda.

Um destes dias deparei com um novo, «Os Anagramas de Varsóvia», e não me apeteceu esperar pela edição em língua inglesa (que geralmente aparece na Fnac uns meses depois, a quase metade do preço...)

E serve este post para relatar que, à primeira leitura, acabei com a sensação de ter sido literalmente encostada à parede.

Tive que voltar ao princípio e fazer de novo toda a viagem para perceber o que me perturbou tanto - e que foi, ao fim e ao cabo, a capacidade de Zimler de nos levar aos recônditos mais sórdidos da condição humana mantendo uma magistral elegância.
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6.9.09

mais um desabafo (in)útil

a
Informação é domínio de nós todos, cidadãos. Jornalismo é informação tratada, investigada, contraposta.

Informação pode ser produzida individualmente. Produzir trabalho jornalístico envolve muita gente.

A informação, muitas vezes, engana. O jornalismo tem a obrigação de a esclarecer.

O jornalismo é caro. A informação pode sair de borla.

E por aí fora...

A informação jorra sobre nós em cascata, actualmente. Um dia destes, por razões de mercado, acabamos de vez com o pouco jornalismo que subsiste. E andaremos feitos baratas tontas a tentar discernir entre torrentes de dados aqueles que são verdadeiramente relevantes, sem chegar a lugar nenhum, quanto mais não seja por impossibilidade prática.


PS - Isto não tem nada a ver com o folhetim MMG, mas com esta reportagem.
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3.9.09

romper o cerco

a
«(...) O fascismo trouxe uma outra consequência: a que atesta uma impossibilidade de pertencer a uma geração homogénea. Antes do 25 de Abril as crianças não brincavam umas com as outras: brincavam com aqueles que pertenciam ao seu universo estanque.»
«As possibilidades de ser criança entre 68 e 74», Cecília Cunha, Caminhos da Memória

No Outono de 1974, andavam os meus pais imbuídos do mais puro espírito revolucionário, troquei a escola privada pela pública. Uns meses antes, tínhamos mudado para uma urbanização de luxo que começava então a erguer-se junto a uma das zonas mais pobres de Matosinhos, a Cruz de Pau, pelo que foi aí que me calhou iniciar a 2ª classe.

O primeiro choque? A professora. Uma velha ríspida sempre vestida de negro que distribuía reguadas e bofetões a torto e a direito e que nos deixava tolhidos de medo. O segundo? Os outros meninos. Não havia uma alma que brincasse comigo no recreio.

Íamos quase nas férias do Natal, era dia de prova. Eu já tinha acabado e olhava para a cópia da colega de carteira, fascinada com a perfeição da caligrafia. Dei com um erro, indiquei-lho. Agradeceu e... ficou minha amiga! Pela sua mão comecei a jogar à macaca e ao elástico, embora as outras não gostassem muito...

Às vezes vinha brincar cá para casa. Na dela, não havia espaço: duas divisões exíguas - mesmo à escala dos meus sete anos - onde cozinhavam, comiam e dormiam sete pessoas. Sem quarto de banho, só uma retrete no exterior. Ainda assim, era uma casa de pedra e lá dentro, visivelmente, não se passava fome - eram todos robustos.

A experiência escolar durou até meio do 2º período. Rezam as crónicas que comecei a inventar histórias para poder faltar às aulas, com medo da velha. E que, quando abordou o assunto com ela, a minha mãe foi aconselhada a não se preocupar: «a sua filha eu não trato assim, ela não é igual aos filhos de pescadores que aqui andam».

Foi a gota de água - lá regressei à antiga escola, a métodos de ensino adequados, a um sítio onde toda a gente me dirigia a palavra. (E onde não me obrigavam a vestir bata, coisa que sempre detestei.)

Guardei a amiga.
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8.8.09

deville

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"Willy DeVille s'en est allé rejoindre cette nuit Edith Piaf, [le producteur] Jack Nitzsche et [le guitariste des New York Dolls] Johnny Thunders", a annoncé la société française Caramba Spectacles, qui organisait ses tournées.
[Le Monde]

Mink DeVille, a sua primeira banda, uma das preciosidades sonoras da minha adolescência:


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19.7.09

viva a crise!

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(...) Outros defendem seriamente que um imposto sobre as vendas de marijuana poderia salvar as finanças da Califórnia. 'Com a crise, teremos de ser criativos para conseguir fundos', declarou, quarta-feira, Janice Hahn, vereadora do município de Los Angeles, cidade onde proliferam os pontos de venda de marijuana para uso terapêutico. «Taxar a marijuana poderia permitir à cidade continuar com alguns serviços», acrescenta. Em Fevereiro, um deputado democrata de S. Francisco, Tom Ammiano, apresentou um projecto de lei que legalizava a venda de marijuana a adultos, estabelecendo uma taxa que poderia render 1,3 biliões de dólares em receitas para o Estado.(...)

«L’Etat de Californie tente d’échapper à la faillite», Claudine Mulard
Le Monde

Diz que até o Schwarzenegger é favorável ao debate...

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17.7.09

dos antípodas...

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Como funcionaria a censura na era da Internet? Da Austrália, uma antevisão da reacção em cadeia que ocorre quando se aplica uma ideia medieval a mundo de comunicação global em rede.

O protector Governo australiano suprimiu oficialmente 1370 sites da Internet. Elaborou uma lista negra, à semelhança do index de livros banidos da Idade Média. Actualmente, é um projecto piloto ao qual podem submeter-se voluntariamente os fornecedores de serviços da Internet. Mas se for considerado bem sucedido e vier a ser lei, qualquer pessoa que visite um dos sites arrolados poderá ser multada em 11.000 dólares por dia. O que significa considerar-se crime não apenas a produção de conteúdos de um site, mas a mera reprodução do seu endereço.

Não se trata apenas de suprimir livros. É como suprimir livros e suprimir a menção dos títulos dos livros suprimidos. É muita supressão.

Há, no entanto, um lado traiçoeiro: o Governo nem sequer diz quais são esses 1370 sites banidos. É segredo. Portanto, existem 1370 sites que podem implicar processo criminal contra qualquer indivíduo na Austrália, mas ninguém saberá quais são até os ter visitado. Isto saiu de 'Alice no País das Maravilhas'. A lógica retorcida funciona desta forma: se divulgassem a lista, as autoridades australianas estariam não só, elas próprias, a violar a lei, como a servir de veículo publicitário. Dos milhões de páginas em toda a Internet, 1370 seriam alvo de especial atenção, convidando qualquer curioso a espreitá-las.

Claro que as pessoas que elaboram o documento conhecem o seu conteúdo, mas aparentemente é gente de confiança que não sucumbirá à tentação de visitar os sites. E a dita lista foi então enviada a um grupo seleccionado de empresas prestadoras de serviços de Internet na Austrália para um primeiro ensaio. Mas a coisa não correu lá muito bem. Houve uma fuga de informação e foi divulgada à WikiLeaks, o site especializado na publicação de documentos confidenciais, causando especial embaraço aos projectos do Governo.

Aqui, o processo torna-se ainda mais bizarro. A WikiLeaks publicou integralmente a lista negra numa das suas páginas. Donde, essa página foi também acrescentada. É a 1371ª.

Escusado será dizer, não resisti à tentação de passar os olhos pelos nomes dos sites banidos. A maioria é pornografia, e alguns têm mesmo nomes que sugerem pornografia infantil, o que é crime. Mas é para isso que temos os tribunais. A lista australiana não foi elaborada por um tribunal; não houve audiência onde se provasse que esses sites são criminosos. Um grupo de activistas de direitos humanos coscuvilheiros elaborou-a, simplesmente. (...)

Muitos dos sites banidos podem ser ofensivos, mas não ilegais. E alguns são perfeitamente inócuos. Por alguma secreta razão, o site www.vanbokhorst.nl faz parte do rol. Se não estiver na Austrália, esteja à vontade para clicar. O meu holandês é fraco, mas parece ser de uma empresa de fretes rodoviários naquele país.

Como é que Van Bokhorst foi parar à lista negra na Austrália? Ninguém sabe, porque todo o processo decorreu em segredo, mesmo do próprio Van Bokhorst. É muito pouco provável que tenha clientes australianos. Mas essa nem sequer é a questão. Alguém anda a tomar decisões clandestinas acerca do que os australianos podem ou não podem ver.

Vi o mesmo tipo de censura noutros países - e não só nos que se assemelham à China comunista. A Tailândia implementou um processo similar, sob o pretexto de proteger os cidadãos da pornografia infantil. Mas - surpresa! - em poucos meses foram acrescentados novos sites, incluindo 1200 banidos por criticarem a família real tailandesa. Ter uma lista secreta nas mãos de um governo é ter este tipo de abuso político praticamente garantido.

A lista do teste australiano está cheia de items questionáveis, para além de empresas de fretes holandesas. Centenas de sites de poker são banidos. Ao contrário da pornografia infantil, o poker não é um crime. Pode ser um vício, mas como lidar com isso exige um debate político. A lista negra australiana encerra essa discussão com a força.

Há também um site sobre políticas de aborto. Poderão provavelmente calcular que lado do debate é alvo de bloqueio, mas qualquer que seja, é uma censura abominável.

Esta lista negra foi apresentada como uma forma de combater a pornografia infantil. Mas é terreno escorregadio: só vemos realmente o perigo quando já deslizamos na sua direcção.

A Comissão para os Direitos Humanos do Canadá pretende igualmente uma lista negra da Internet. Quer expandir cibertip.ca para englobar sites políticos, e não somente a pornografia infantil que visa actualmente.

Associamos livros a arder a julgamentos de bruxas e a Nazis, e não a burocratas de falinhas mansas. Mas queimar livros no século XXI não exige fósforos - apenas brio dos censores e um público sonolento.

«A censura na era da Internet», Ezra Levant, Canadian Lawyer Magazine
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2.7.09

a sagração da primavera

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Talvez a minha composição preferida entre toda a música que já ouvi. A propósito de Pina Bausch, dei com esta 'edição comparada' de coreografias, aqui por ordem cronológica (as de Baush, Preljocaj e Saarinen, não datadas nos filmes, são de 1975, 2001 e 2002, respectivamente).

[Nota: o genérico acaba aos 41'', aproximadamente.]













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1.7.09

óbvio!

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Não sendo dada a campanhas, esta pareceu-me meritória:




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7.6.09

o adeus de matilde

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Subitamente, há uns meses, liga a vizinha: Matilde desaparecera. A velhice não perdoa e Georgina vira-se obrigada a levá-la consigo lá para sul, onde possui vivenda abastada. Ninguém disse nada, as rendas estão em dia, a correspondência vai-se acumulando na caixa do correio.

De início, ainda senti algum alívio: acabou-se a gataria, o cheiro pestilento escada acima. Mas foi prematuro.

[É um prédio à moda antiga, três apartamentos, um logradouro para cada nas traseiras. O andar superior está vazio há alguns anos.]

Liga de novo a vizinha. Que há mato, ninhos de ratos e ratazanas. Que os bichos infestam as redondezas. Que isto se passa na parte correspondente à casa desocupada. Vai daí fui lá ver, acompanhada pelo Sr. Pedro, perito em desratizações & afins providencialmente desenrascado graças às maravilhas da web.

À entrada, de novo o velho cheiro a gataria, mas o andar do meio continua sem vestígios de gente. A verdade revela-se-nos quando descemos às traseiras, observados por meia dúzia de felinos enfezados, de pelo ralo e ar macilento.

À porta da cozinha da Matilde, jazem restos de comida azeda em duas enormes tigelas, o cheiro não se aguenta. Um rato morto. Um gato a olhar.

Em baixo, piora. Alguém nas redondezas resolveu envenenar os bichos, mas isto vai há muitos meses. Tantos quanto demorou ficarem os gato reduzidos a uma peles esticadas no chão, ainda inteiras, caudas espetadas, só o volume das formas arredondadas das cabeças, quais marionetas. Assim à vista, contamos meia dúzia. A vizinha de baixo não parece ter-se incomodado muito.

Afinal não há mato, uma enorme figueira brava não deixa passar a luz do sol. Pelo chão cresce uma hera. Sem condição para criação de rataria, conclui quem sabe, à excepção da comida azeda e tigelas de água choca, coisa fácil de limpar.

Fico, portanto, a braços apenas com os restos da gataria da Matilde, cuja habitação foi entretanto ocupada pelos bichos sobrevivos, conforme denuncia o cheiro que emana do interior. Um último presente...
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18.5.09

& então viva o socialismo!

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Não sei se gosto mais da história de baixar o IMI em 20% ou se das acções de pré-campanha:


Narciso igual a si próprio, «socialista no coração».

Por estes lados, os tempos que se avizinham prometem ser divertidos...
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4.5.09

atchim!

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Como na ficção científica de há 40 anos, ou mais ou menos: a forma como o raio da epidemia está a ser controlada, desde a origem, é de se tirar o chapéu.
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21.4.09

há 40 anos

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Associação Académica de Coimbra, 1969
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11.4.09

mais um ciclo de cinema?

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É um tasco mesmo tasco, casa antiga com nova gerência. Já tinha congregado a clientela dos estabelecimentos similares que foram fechando pela zona, agora juntaram-se-lhes grandes figuras.

Passei por lá um destes dias, coisa de beber um café de regresso a casa e cumprimentar o patrão, amigo de infância. Foi um erro de cálculo, embora previsível. Só consegui vir embora, já um tanto oscilante, ao fim de meia-dúzia de cervejas, a noite foi uma sucessão de rodadas que vinham parar à mesa sem se saber bem de onde.

A ganapada? Imagine-se um tasco que congrega a fina flor da malandragem da Cruz de Pau, da Biquinha, e da doca.

Ao que parece, Chicago está a morrer. Inaugura-se a era de Las Vegas, Cruz de Pau City.
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